25 setembro 2014

Como dizer ao professor que algo precisa mudar na sala de aula


Alfabeto na parede na sala da turma de 4 e 5 anos na EM Jandira Caetano Ribeiro, em São José do Rio Preto (Foto: Eick Mem)
Alfabeto na parede na sala da turma de 4 e 5 anos na EM Jandira Caetano Ribeiro, em São José do Rio Preto (Foto: Eick Mem)
Neste ano, estou fazendo formações mensais com um grupo de professores. Desde o início, os encontros acontecem numa mesma escola, que é a única com uma sala de reuniões. Por essa razão, eu tinha conhecido apenas as salas de aula dessa instituição sede.
Há pouco tempo, fui conhecer as outras três escolas que fazem parte do grupo. Logo na primeira, um dos professores me chamou para mostrar a sua sala. Todo orgulhoso, ele me disse que o local estava bem bonito e todo enfeitado, pois sua esposa tinha ajudado na decoração. Fiquei sem saber como agir diante da empolgação dele em me apresentar os materiais, os cartazes e os enfeites. Em todos os murais havia ilustrações de personagens de desenhos infantis, florezinhas, sol e nuvens sorridentes sem qualquer conexão com o que estava exposto. Acima da lousa, existia um alfabeto ilustrado com desenhos estereotipados e com diferentes tipos de letras (bastão e cursiva, maiúscula e minúscula). As letras iniciais das palavras das listas estavam em vermelho e o restante em preto.
Eu quase perdi a fala diante daquilo… Nos encontros de formação, já havíamos discutido e analisado vídeos e fotos de bons modelos de organização do espaço e atividades para fazer com as crianças, conversado sobre quais materiais são bacanas para estar expostos e ao alcance dos pequenos e refletido sobre a importância das listas (de nomes, histórias ou brincadeiras preferidas) para que os alunos tivessem escritas de referência. Enfim, havíamos lido e discutido bastante sobre o ambiente alfabetizador. Seria possível que tudo tinha sido em vão?
Esse professor era comprometido, mas tinha muitos vícios “escolarizados” – utilizo essa palavra para situações, encaminhamentos e atividades que só acontecem na escola e não fazem parte de nossa prática social. Por outro lado, me recordo bem das participações dele e de alguns comentários que efetuou dizendo que fazia muito sentido propor atividades de leitura e de escrita sempre privilegiando as práticas sociais.  A cada encontro de formação ele parecia estar compreendendo melhor que as atividades tinham que ser contextualizadas, ou seja, ter um propósito real.
E agora?
Claro que não falei nada durante a visita, mas desde então estou pensando em como vou abordar os aspectos inadequados na sala desse professor.  Nosso próximo encontro será só em outubro, por isso, tenho tempo para planejar uma forma bem bacana.
Até o momento, estou pensando em levar o grupo de professores para visitar algumas salas de aula com o objetivo de observar o ambiente alfabetizador (precisarei visitar todas antes para encontrar bons modelos) e, depois, fazer uma reflexão coletiva sobre os diferentes tipos de materiais, cartazes e listagens das salas com ênfase na função social real de cada um.http://gestaoescolar.abril.com.br/

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