09 dezembro 2014

Livro de Contos de Animais (2º ano)



Objetivo(s) 
Este projeto tem como foco a leitura, a reescrita e a revisão de contos de animais. Os contos de animais são muitas vezes confundidos com fábulas porque têm animais como personagens e trazem uma “esperteza” no final que é confundida com a “moral” das fábulas. É importante ressaltar que o gênero fábula é muito mais complexo do que o conto para as crianças, portanto este projeto tratará de contos e não de fábulas.
O conto é um gênero que as crianças estão em contato desde pequenas por meio da leitura. Assim, é interessante oferecer neste momento da escolaridade a reescrita de contos. Não se trata de uma estrutura de escrita nova, mas de um tipo de texto que possui marcas específicas conhecidas pelas crianças, e isso favorece uma produção focada em aspectos da língua escrita. É sempre importante oferecer para a reescrita gêneros com os quais as crianças já tenham tido bastante contato, como ouvintes e/ou leitoras.
Elas terão a oportunidade de se aproximar mais desses textos e de suas características, assim como de elementos da língua. Para o início do ano letivo, a proposta é que escrevam coletivamente a primeira parte do conto e em duplas o restante do texto. Nesse projeto, a proposta será de reescrita canônica, não supondo qualquer alteração na estrutura do texto original, pois o foco é justamente a manutenção das características essenciais deste tipo de texto:
  • A estrutura interna (apresentação inicial, ocorrência de um conflito, resolução do conflito e desfecho);
  • A presença de animais como personagens (lebre, porco espinho etc.);
  • Os animais são dotados de qualidades, defeitos e sentimentos humanos. A esperteza e a astúcia são as únicas armas de que um animal, sempre de porte pequeno, dispõe para enfrentar seu inimigo mais forte;
  • Desfecho: sempre termina com uma frase de esperteza do animal mais fraco, que vence pela esperteza;
  • A linguagem formal;
  • A presença de marcadores temporais, em sua maioria difusos;
  • A presença de discurso direto;
  • Narrador onisciente;
  • O uso de adjetivos, locuções ou adjetivos substantivados na apresentação de personagens e ambientes (ex. velho porco espinho, grande repolho, maçãs do mato etc.);
  • Uso de fórmulas típicas de início e finalização.
Além das situações já citadas, é importante considerar que as crianças irão vivenciar diferentes papéis diante da leitura e da escrita em situações comunicativas reais, contribuindo assim para a formação de leitores e escritores competentes. No momento da produção coletiva, haverá intercâmbio de informações e ricas discussões nas decisões a serem tomadas para escrever. No momento de trabalhar em duplas, os crianças terão que dividir as tarefas de ditar e escrever. Também deverão atuar como leitoras críticas do próprio texto e dos textos dos colegas, de modo a controlar a escrita (o que já foi escrito e o que ainda falta) e a localizar alguns problemas e pontos que merecem aperfeiçoamento. Como são leitoras ainda pouco experientes, poderão ouvir a leitura (feita pelo professor) de contos de colegas de modo a opinar sobre os mesmos.
Conteúdo(s) 
Espera-se que as crianças possam, em relação às práticas de escrita:
  • Escrever com propósito determinado e considerando o destinatário do texto;
  • Consultar outros enquanto escreve, ler para eles ou pedir para que leiam o texto a fim de evitar ambiguidades, repetições desnecessárias e localizar problemas em sua organização;
  • Recorrer a diferentes materiais de leitura (contos originais; anotações coletivas ou individuais sobre características dos personagens ou estrutura do texto; planejamento);
  • Revisar o texto enquanto escreve e revisar as distintas versões até considerar o texto bem escrito para aquele momento;
  • Participar da tomada de decisões sobre a edição do texto (tipo de papel, tamanho do texto e da fonte, lugar ocupado pelo texto e pelas ilustrações);
  • Evitar ambiguidades e repetições com o uso de pronomes ou outras expressões para se referir aos personagens do conto, em especial, os personagens centrais;
  • Controlar se as informações inseridas estão relacionadas entre si: ao desenvolver as ações de um conto, garantir que exista uma relação causal entre os diferentes núcleos centrais;
  • Cuidar para que as distintas partes do texto se vinculem entre si de maneira coerente: controlar a sucessão temporal no conto, com o uso de conectores diversos, usados especialmente para marcação do tempo (de anterioridade – “antes...”; de simultaneidade – “faz meia hora que estou te observando...”; de posterioridade: “depois de tanto treinamento...”);
  • Assegurar-se de que o texto se assemelhe aos do mesmo gênero que circulam socialmente: usar fórmulas de início e de finalização;
  • Manter a ordem temporal no relato;
  • Usar substituições para evitar repetições dos nomes dos personagens;
  • Inserir discurso direto;
  • Incluir motivações para as ações dos personagens (usando verbos, tais como, “alegrava-se”, “emocionou-se” etc.);
  • Apresentar o plano do conto em função das relações entre os participantes (protagonistas, ajudantes, oponente);
  • Facilitar a leitura por meio da inserção de sinais de pontuação (em especial para marcar o discurso direto e, ao menos, em determinadas partes do texto, definidas previamente pelo professor ), sendo que este conteúdo será trabalhado somente  na parte ditada ao professor;
  • Cuidar da ortografia ao longo do processo da produção e de revisão, considerando o uso de palavras recorrentes e as regularidades já discutidas;
  • Consultar materiais (como textos intermediários, lista de palavras mais usuais), colegas e professores para avaliar sua produção.
Ano(s) 
Tempo estimado 
3 meses
Material necessário 
  • Livros de contos de animais 
  • Cartazes para registro das descobertas
  • Computador ou notebook para ser utilizado em sala de aula
Desenvolvimento 
1ª etapa 
Apresentação do projeto
Neste momento, apresentaremos o projeto para que os alunos saibam que lerão contos de animais para reescrevê-los coletivamente e em dupla para que outras crianças leiam suas produções que ficarão disponíveis na biblioteca da escola.
Também é importante informar que serão lidos quatro ou cinco contos para que conheçam bem este tipo de texto e se encantem com as espertezas dos animais, e a professora irá escolher apenas um para a reescrita coletiva e do final em dupla.
2ª etapa 
Leitura de contos de animais e conversas sobre suas regularidades
A professora irá ler os contos para os alunos, para que se familiarizem e após estas leituras para apreciação retornarão aos textos para discutir e observar as regularidades. Todas as regularidades citadas nos conteúdos acima serão discutidas. Mas é importante focar em dois conteúdos específicos já que no 2º ano não podemos garantir que os alunos se apropriem de todas as regularidades presentes neste tipo de conto de uma só vez. Portanto, em relação aos aspectos discursivos o foco será nos marcadores temporais e na pontuação de diálogo. Não será discutido discurso direto visto que os alunos ainda não sabem a diferença entre discurso direto e as outras formas de marcação de fala de personagem. Iremos discutir a pontuação de diálogo, fazendo-os utilizar as que já conhecem e as que aparecem nos contos que estão sendo estudados. Dos aspectos notacionais o foco será na ortografia das palavras de uso recorrente e na letra maiúscula quando iniciam a fala de algum personagem.
3ª etapa 
Leitura e análise do conto modelo e composição de textos intermediários
Após a análise de alguns contos de animais e a observação de algumas regularidades vamos passar para a análise do conto modelo que será reescrito. Nas análises coletivas dos contos na etapa anterior é importante que tenham observado e discutido os marcadores temporais e a sua importância para a coerência do texto. Segundo Kaufman e Rodriguez a observação da coerência temporal permite ver se o autor mantém a linha temporal ou prefere surpreender o leitor com rupturas de tempo na apresentação dos acontecimentos (saltos ao passado ou avanços ao futuro).
Em dupla vamos solicitar que os alunos observem o texto modelo e registrem em uma tabela os marcadores temporais que encontrarem. Este registro é um texto intermediário que poderá ser utilizado para consulta no momento da reescrita. Também em dupla irão destacar no texto as marcações de pontuação de diálogo que encontrarem. Coletivamente a professora pode pedir para que as duplas digam o que encontraram para discutir e socializar estes textos intermediários que foram produzidos para auxiliar a reescrita.  Analisar e produzir os textos intermediários em dupla é proposta, pois os alunos já passaram por discussões coletivas analisando os mesmo aspectos que irão analisar em dupla, porém em outros textos. Portanto é um momento para o professor avaliar se os alunos se apropriaram das observações coletivas e se terão autonomia para observar, em dupla, no texto que será reescrito, os aspectos já discutidos nos outros contos.
4ª etapa 
Planejamento
Visto que a reescrita da primeira parte do texto será coletiva o planejamento também deverá ser coletivo. O professor será escriba e os alunos irão ditar o planejamento. Neste momento o professor poderá fazer intervenções no sentido de compor uma lista de episódios e não a reescrita de trechos do conto, por isto, neste projeto, que acontece no início do ano, é importante que seja coletivo o planejamento de uma reescrita, para que até o final do ano letivo os alunos possam aprender e saber planejar em dupla.  Após a lista de episódios planejada o professor irá mostrar os episódios que serão reescritos coletivamente e os últimos episódios que serão reescritos em dupla. Desta forma os alunos já saberão o que deverão reescrever. Esta lista deverá ficar disponível na sala de aula para consulta durante a textualização.
5ª etapa 
Textualização e revisão
Parte 1 – Trecho ditado ao professor
Para que todos os alunos se envolvam no processo de textualização coletiva é necessário formar grupos menores de trabalho haja vista que devemos garantir que todos participem. Os grupos serão formados por três duplas que irão reescrever o final a partir do texto coletivo que produzirem juntos. No computador a professora irá escrever enquanto o grupo de crianças retoma os episódios, discute o que será escrito e dita a ela. É importante escrever exatamente da forma como as crianças ditam para que elas percebam os aspectos que precisarão ser melhorados na revisão. Neste momento, enquanto o trio dita para a professora, o restante da sala precisa estar envolvido em outra atividade que pode ou não ser relacionada ao projeto.
Durante a reescrita da parte coletiva a professora escreve e lê para as crianças o que já foi escrito para que mudem ou não algum trecho. Geralmente neste momento os alunos percebem repetição de palavras e marcas da oralidade no texto e já fazem alterações neste momento. É muito importante esta leitura pela professora do que está sendo escrito já que este é um procedimento de escritor e precisa ser evidenciado visto que os pequenos ainda não o fazem sozinhos. Coletivamente a professora pode selecionar um trecho do conto e um aspecto para revisão como, por exemplo, a presença de marcadores temporais e a pontuação de diálogo. Feitas estas duas revisões coletivas nos grupos podemos sugerir uma proposta de leitura crítica: os grupos trocam de texto e opinam sobre os textos uns dos outros. Um dos aspectos, neste caso a pontuação de diálogo, poderá ser tematizado, paralelamente às revisões, em forma de sequência didática com retorno imediato ao texto. Em relação aos marcadores temporais é preciso retomar a leitura dos contos analisados e do conto modelo bem como dos textos intermediários.
Obs.: Se a proposta de reescrita envolvesse modificações como a mudança do final ou a inserção de um episódio um dos aspectos que mereceria investimento na revisão diz respeito à coerência necessária ao texto. Neste projeto a coerência está garantida no planejamento dos episódios e na utilização dos marcadores temporais por isto não está em foco nas revisões.

Parte 2 – Trecho escrito pelas duplas
Como as crianças atuarão em parceria é o momento de definir as duplas e determinar quem vai ser escriba e quem vai ser ditante alternando estes papéis durante a reescrita. Ou seja, a professora define os episódios que serão escritos e ditados por cada aluno, garantindo que os dois passem por estas duas situações.
Durante a reescrita, que será no computador, a partir da parte escrita coletivamente em pequenos grupos, a professa não faz intervenções para que a própria dupla possa tomar as decisões. Se houver questionamentos sobre a grafia das palavras pode-se informar a forma correta, porém não é o momento de fazer o aluno refletir sobre a ortografia, retomando regras ou exemplos, é o momento de somente informar para não tirar o foco da produção do texto. A explicitação das dúvidas ortográficas, neste momento da escolaridade já é uma conquista do aluno.
Após a reescrita dos episódios finais a dupla deverá revisar seu texto. O texto deverá ser impresso e entregue para as crianças com espaço entre as linhas para a revisão. No primeiro momento os alunos deverão fazer a releitura do texto e revisar sem intervenções e sem um foco específico, para que se aproximem deste procedimento de escritor: escrever e fazer uma leitura geral, tentando melhorar o texto. É provável que encontrem poucos problemas e mais voltados para aspecto notacionais. Nestes casos o texto pode ser lido pela professora para as duplas que tiverem mais dificuldade em revisar; assim que ouvem a leitura feita por outra pessoa as crianças geralmente percebem problemas para revisar, de aspectos discursivos do texto. Nas próximas revisões é necessário que o professor analise os problemas que aparecem na maioria dos textos e foque nos conteúdos de aspectos  discursivos e notacionais selecionados para o trabalho, fazendo revisões coletivas e em dupla caminhando junto com as sequências didáticas de pontuação. As duplas também podem dar dicas umas para as outras.
6ª etapa 
Edição final
Ao final das etapas de revisão todas as duplas deverão realizar uma leitura final de seus textos para verificar se todos os aspectos discutidos e revisados estão presentes e melhorados.
Chegou o momento de formatar o texto para impressão. Todas as decisões de edição deverão ser tomadas junto com os alunos.  O tamanho da letra, a formatação, o título do livro e etc. Para estas decisões alguns livros de contos podem ser trazidos para sala de aula como modelos para ajudar nas decisões. 
Produto final 
Livro de Contos de Animais escrito pela turma
Avaliação 
Durante a revisão dos textos o professor deverá avaliar se os alunos estão notando a repetição de palavras, se respeitaram as características dos contos de animais e se o texto está coerente. A avaliação deve ser condizente com os conteúdos propostos no projeto. Como estão no 2º ano, durante o ano letivo, devem ser retomadas discussões sobre estes aspectos. http://www.gentequeeduca.org.br/

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