23 setembro 2014

Estudos de caso como estratégia de formação


Mudar atitudes e concepções é o grande desafio de todo formador (Foto: Gabriela Portilho)
Mudar atitudes e concepções é o grande desafio de todo formador (Foto: Gabriela Portilho)
Há alguns dias, precisei fazer uma formação pontual que me fez pensar em como as estratégias nessa área precisam ser muito bem planejadas.
O trabalho foi realizado em uma escola onde o desafio de algumas professoras era envolver todas as crianças em diversas propostas. Apesar dos esforços, dois garotinhos de 4 anos, de uma das turmas, passavam o dia fazendo muitas traquinagens. Em vez de participar das atividades, eles ficavam brincando de lutinhas, saindo da sala sorrateiramente e se escondendo em algum canto. Claramente, os dois desafiavam a professora e achavam a maior graça nisso.
Em outras duas salas de 5 anos, as professoras também se queixavam muito de algumas crianças que não se acalmavam e estavam sempre provocando os colegas. Elas percebiam muitos conflitos entre os pequenos e diziam que a turma não atendia às solicitações delas.
Nos dois casos, a gestão da sala e o encaminhamento da rotina ficavam comprometidos, visto que as educadoras dedicavam muito tempo para lidar com essas situações. O que mais achei interessante nessa escola foi observar que outras profissionais conseguiam gerir casos semelhantes com muita propriedade.
Como ajudar os professores sem ser prescritiva?
O espaço da formação de professores precisa assegurar a reflexão coletiva, o debate entre os pares, o confronto de ideias e o compartilhamento de encaminhamentos. A construção do saber, portanto, emerge do grupo, que se embasa nos aportes teóricos que sustentam a prática.
Durante os encontros nessa escola, eu não queria dar receitas nem pedir que as professoras observassem como as colegas faziam. Era necessário mais que isso. Elas precisavam se sentir mais confiantes e ter em mãos várias alternativas para inserir todas as crianças em propostas bacanas. Dessa maneira, cada vez mais saberiam fazer uma boa gestão de sala.
Por três dias, fiquei pensando em como ajudar as docentes. Eu só tinha uma formação de três horas e, para dizer tudo o que eu gostaria, eu precisaria de alguns encontros.
Os estudos de caso
Cheguei à conclusão de que seria bacana formar duplas para discutir alguns casos e, depois, abrir para a reflexão coletiva. E assim foi feito! Anteriormente, é claro, eu defini quais seriam os pares: foram três duplas e um trio de professoras. Os membros dos quatro grupos tinham muitas diferenças na gestão da sala e era justamente esse contraste que eu queria.
Criei três histórias fictícias, muito parecidas com as situações que aconteciam na escola, para que os pares propusessem quais seriam os melhores encaminhamentos em cada uma das situações. Elas foram as seguintes:
  • Elaborar atividades adequadas aos diferentes momentos da rotina. Quando as crianças voltam do parque, por exemplo, é interessante fazer uma brincadeira bem tranquila em sala ou realizar um relaxamento de alguns minutos, colocando uma música apropriada ou falando palavras suaves e acolhedoras de forma tranquila;
  • Não fazer chantagem emocional, como dizer “A professora está muito triste com…”. A educadora deve falar e pedir com calma, porém com firmeza;
  • Não fazer ameaças sem sentido ou comparações com outras crianças, como “Acho que fulano precisa frequentar a sala do berçário, porque lá são todos muito comportados”.
O resultado na sala de aula
Mudar atitudes e concepções é o grande desafio de todo formador. Uma vez que o professor tem a possibilidade de ter clareza de como é possível encaminhar alguns trabalhos e saber que o resultado vale a pena, a chance de mudanças é grande.
Sei que as conquistas ocorrerão gradativamente, mas já tive retorno que duas professoras ficaram muito felizes por conseguir algumas atuações bem mais participativas das crianças. Elas já contaram sobre algumas atividades que deram muito mais certo depois que fizeram de outra maneira.

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